Chegar em Brasília já nos inspira questionamentos sobre a forma de se viver em grandes cidades. Como um organismo vivo, será que a cidade poderia ser planejada desde o seu nascimento?
Foto: Vinícius Ferraz |
Brasília, apesar de toda discussão em torno da sua viabilidade, funciona ao seus propósitos como capital nacional e já recebeu seus méritos como Patrimônio Mundial (UNESCO-1981) além do tombamento de suas obras pelo IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e do próprio projeto Piloto que também é tombado.
Foto: Vinícius Ferraz |
Questionar sobre a frieza de um lugar planejado, sem referências expontâneas e as consequências de se morar em lugares assim inspirou a mostra "Moradias Temporárias" em exposição neste mês de dezembro no Museu Nacional de Brasília – uma das mais recentes obras de Niemeyer na Esplanada dos Ministérios. A mostra ainda divide os espaços com mais três exposições: "Gráfica Suíça 1950-2000" sobre a produção gráfica e artística daquele país; a mostra de lançamento do II Concurso Holcim Awards para moradias sustentáveis, e uma competente instalação para a mostra do Prêmio CNI Sesi Marco Antônio Vilaça de Artes Plásticas.
Onde hoje podemos ter uma tendência para condomínio fechados como forma de morar, temos também o conceito de moradias transitórias. Onde se coloca em risco a idéia de espaços presumidamente seguros. Surge uma cidade invisível às nossas retinas, transitória, ambulante, onde condena a arquitetura agressiva ao meio ambiente, arquiteturas que isolam as pessoas ao invés de uni-las. As obras chamam atenção também para as pessoas que já buscam esse conceito como fuga, marginalizados e oprimidos; como a carroça que serve de residência. São críticas que apontam novos horizontes para nossa ocupação como cidadãos. E que mesmo escolhendo espaços convencionais para nossas residências nos fazem refletir sobre o futuro.
Foto: Vinícius Ferraz |
Não podemos nos conformar apenas com a lã que nos conforta a alma, é necessário olhar para o próximo, os que estão nas calçadas, nas ruas e nos lixões. E neste final de ano, podemos repensar um pouco como anda o crescimento de nossas cidades, que apesar de serem o reflexo de seus cidadãos, "cresce mais rápido do que a alma dos simples mortais" como diria Baudelarie.
Publicado na coluna Ambientes / Jornal do J.
Publicado na coluna Ambientes / Jornal do J.
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